Tex Willer – A história da minha vida

Uma vez que a Marvel e a DC Comics fizeram de seus quadrinhos um verdadeiro material panfletário de pautas identitárias, os leitores/colecionadores mais antigos tiveram que optar por comprar apenas os clássicos que são republicados – é o meu caso. Na falta de um bom material por parte dessas editoras, é melhor gastar o "trocadinho do lanche" (bons tempos em que isso  era possível) com outro tipo de publicação que mantenha uma boa qualidade de arte e roteiro; no caso, os quadrinhos japoneses e italianos.

Faroeste/Western é um gênero que gosto muito, resultado da influência do meu pai. Assisti alguns clássicos do Sergio Leone e Sam Peckinpah ainda na infância; mas além dos filmes, o Faroeste também é um forte gênero nos quadrinhos, principalmente os de origem italiana – os tais fumetti, como são conhecidos na Itália. Recentemente (isso tem alguns anos) passei a comprar algumas publicações da Sergio Bonelli Editore.

Se você gosta do gênero, é impossível não se apaixonar pelas histórias de personagens como Tex e Ken Parker. A aventura do Tex na Patagônia, por exemplo, é dessas que nos marcam. Sobre Ken Parker, recentemente passei a colecionar as edições publicadas pela Mythos Editora. Assim que for possível, publicarei algo por aqui.

Tex Willer – A História da Minha Vida não se trata de um gibi, é na verdade um livro. É a autobiografia do personagem na qual ele relata toda a sua trajetória – gostei dessa idéia, pois o personagem é levado para além dos quadrinhos. O texto é do Mauro Boselli, roteirista que trabalha no título desde 1994. O personagem foi criado em 1948 por Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Galleppini.

Antes de ser considerado um herói, Tex já foi um fora da lei. Injustamente, claro, isso ocorre depois de matar um dos cúmplices do assassinato do irmão. Esse é um dos capítulos que mais gostei. É impossível ler esse trecho sem lembrar de "The Ecstasy of Gold", do lendário Ennio Morricone. Clique aqui e aumente o volume.

Quando jovem, no sul do Texas, seu pai foi assassinado durante um assalto no rancho em que moravam. Tex e o velho caubói Gunny Bill (o homem que lhe ensinou a prática do tiro) conseguiram encontrar os assassinos em território mexicano e lá fizeram a "justiça do Velho Oeste".

Alguns meses depois o irmão de Tex, Sam Willer, foi assassinado durante uma emboscada em Culver City, depois de pedir ajuda para que o xerife local capturasse os bandidos que assaltaram o seu rancho. O que Sam não sabia, é que o xerife estava na folha de pagamento do líder do bando... Tex havia perdido o último membro de sua família... "Se em Culver City a lei protegia as pessoas erradas, eu levaria para lá um outro tipo de lei, a do Juiz Colt!". O resultado da caçada foi a eliminação de todo o bando de Tom Rebo, incluindo o corrupto xerife Mallory. Estava feito. Tex havia despachado para o além um "representante da lei".

Tex pelo traço do gênio Aurelio Galleppini

A obra de Mauro Boselli, apresentando aquela que seria "a história de um ranger contada por ele mesmo", é excelente. Em Tex, a aventura nunca termina.

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Esse texto foi escrito nas férias de janeiro de 2018 e publicado no Instagram.