quarta-feira, 10 de agosto de 2022

I am a HERO – Seja o protagonista da sua própria vida

Como vai a quarentena? Como vai o isolamento social? Não sei nem mais do que se trata... Pois bem, esse atual cenário em que nos encontramos me fez lembrar de alguns detalhes do mangá I am a HERO, de Kengo Hanazawa, publicado originalmente em 2009  no Brasil foi publicado em 22 volumes pela Panini Comics, de 2018 a 2021.

Na trama, acompanhamos a trajetória de Hideo Suzuki, um assistente de mangá na faixa dos 35 anos, meio solitário, paranóico, cheio de manias e, para completar, possui problemas de relacionamento. Ele é, de acordo com a sociedade, um perdedor.

A medida que acompanhamos o dia-a-dia (dane-se a reforma ortográfica) de Hideo, surgem alguns rumores de pessoas que foram mordidas por outras, além de algumas outras que morreram depois de dias com febre acima dos 38°. Certo dia, ao sair do trabalho, o mangaká testemunha o atropelamento de uma mulher e, depois de alguns minutos, a vítima se ergue do chão, mesmo com o pescoço quebrado.

Ao chegar em casa, a namorada dele reclama que está com um resfriado, além de uma forte febre... o número de casos envolvendo pessoas mordendo outras vão aumentando, mas há poucas informações por parte do governo, até que algumas cidades são dominadas por infectados  chamados na obra de ZQN. "Então você está falando sobre mais uma obra em que o tema são zumbis, cara?", não, não. Diferente de obras como The Walking Dead, o mangá não tem tanta ação e o foco maior é em algumas críticas sociais, principalmente sobre a sociedade japonesa.

Os ZQN ficam vagando sem destino pelas ruas, mas diferente dos tradicionais zumbis da cultura pop, eles guardam algum resquício de memória  (o que é algo interessante e também perturbador); inclusive, alguns conseguem até mesmo balbuciar poucas palavras. Estariam, de repente, fazendo algum esforço para se comunicar, tentando até mesmo pedir algum tipo de ajuda? Não se sabe. Durante a jornada, Hideo encontra a colegial Hayakari Hiromi e passa a desenvolver um papel de protetor dela, principalmente quando o desespero toma conta dos sobreviventes.

Acompanho o mangá desde meados de 2018. Com esse atual cenário em que há rumores de que o vírus foi manipulado em laboratório, ou que tem como origem o morcego (consumido na região de Hubei, em Wuhan), lembrei de uns trechos da obra em que alguns usuários de um chan (um canal, semelhante aos antigos fóruns da Internet) lançam teorias sobre a doença e sobre os ZQNs – inclusive, esse termo é cunhado por esses usuários.

Na quarentena reli essa edição

Uns dizem que foi o canibalismo, pois há rumores sobre a prática na Córeia do Norte (e eu não duvido nada que seja possível...); outros de que foi uma arma biológica lançada no ar e na água; alguns acreditam que trata-se do começo do fim, ou seja, o apocalipse bíblico... E o nosso cenário? Enquanto a mídia e as instituições seguem desinformando, temos diversas discussões sobre a origem do novo coronavírus nos chans, na Deep Web e em algumas redes sociais... curioso, não? Recomendo o mangá, pois além da arte conseguir provocar algum tipo de aflição que é ideal nesse tipo de história, o roteiro de Hanazawa aborda algumas discussões interessantes.

Mas sobre a nossa realidade, não é nada fantástico prever que certas coisas irão acontecer: não vai demorar muito para as pessoas começarem a enlouquecer por causa do medo de algo desconhecido e, exatamente por isso, você deve manter-se afastado dessas pessoas. Desligue a TV, pois o foco da mídia será exatamente esse: incutir o medo. Assim como Hideo Suzuki, considerado um "perdedor", faça diferente: diante do "fim", seja o protagonista da sua própria vida.

*Texto publicado originalmente em 30 de abril de 2020.

2 comentários:

  1. Gostei do início e meio da obra, a evolução do personagem mantendo as características dele, foram bem legais, mas fiquei p da vida com o final desse manga, da tudo errado e acaba meio sem noção aberto demais ;(

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    1. Não apenas você, mas o final de fato não agradou muita gente.

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