domingo, 21 de agosto de 2022

[Resenha] CAL – Um diário de amor e terrorismo na Irlanda

A guerra entre católicos e protestantes na Irlanda fez inúmeras vítimas em seu maior período, de 1966 até 1998. É nesse cenário que temos a história de amor entre Cahal McCluskey, um jovem católico envolvido com o I.R.A (Irish Republican Army) e Marcella, que perdeu o marido num atentado.

Gostei da obra de Bernard Mac Laverty, pois o autor escocês apresenta diversos pontos sobre o conflito naquela ilha, e de como uma geração foi forçada a abandonar sonhos por causa de uma guerra permanente. São as desgraças das ideologias, pessoas usadas como meros peões como se suas vidas não tivessem nenhum tipo de valor. Se você possui algum tipo de interesse sobre a história da Irlanda, principalmente sobre esse período conturbado, esse é um bom livro, apesar de não mencionar o U.D.A (Ulster Defense Associaton): grupo paramilitar (protestante) presente na Irlanda do Norte que, assim como o IRA, também tem como uma de suas práticas o terrorismo.

Comprei esse exemplar na Estante Virtual. É uma publicação de 1986 e faz parte da coleção "Cantadas Literárias", que compreende um total de 44 volumes.

O conflito na Irlanda possui raízes históricas, não trata-se apenas de uma guerra "religiosa", pois envolve outros aspectos. Em 431 começa o processo de cristianização da ilha, que foi iniciada pelo Bispo Paládio. No ano seguinte, São Patrício continuou o trabalho e se tornou o padroeiro da Irlanda.

É muito comum ver a imagem de São Patrício segurando um trevo de três folhas, isto se deve ao fato dele ter usado esse símbolo para evangelizar os celtas. O padroeiro usava o trevo para explicar sobre a Santíssima Trindade.

Foi Henrique VIII que iniciou o processo de domínio inglês na ilha, se autoproclamando Rei da Irlanda, em 1542. Em 1672, os católicos são proibidos de atividades políticas e administrativas na Irlanda e Inglaterra. Após o evento conhecido como Levante da Páscoa (1916) é que surgiu um governo nacionalista ("Sinn Féin"), que declarou a independência em 1919; porém, o governo britânico inicialmente não aceita e propõe a partição da Irlanda em duas, mas que ainda fariam parte do Reino Unido, o que não é aceito pelos movimentos de independência – principalmente pelo Exército Republicano Irlandês.

Em 1921, mesmo reconhecendo a Irlanda como um Estado Livre, ela ainda estava sob a tutela de um chefe de estado do Reino Unido, então foi iniciada uma nova guerra pela independência liderada por Michael Collins. Um acordo foi estabelecido e o norte da ilha (Irlanda do Norte) continuou fazendo parte do Reino Unido, o que gerou uma nova guerra civil e é apenas em 1937 que o Estado Livre da Irlanda finalmente se declara uma república.

Em 30 de Janeiro de 1972, 14 pessoas foram mortas por soldados britânicos durante uma manifestação católica em Derry, Irlanda do Norte. A tragédia ficou conhecida como Domingo Sangrento. Um tratado promovendo a paz entre as duas irlandas foi realizado em 1998; porém os grupos paramilitares ainda promovem ataques, não com a mesma frequência como na década de 80, mas ainda ocorrem. O IRA persiste na idéia de que enquanto a parte norte da ilha for tutelada pela coroa britânica, jamais haverá paz, pois esta só será possível quando a Irlanda for unificada.

Existe um filme baseado no livro, de título CAL - Memórias de Um Terrorista, de 1984. Tem no elenco a atriz Helen Mirren e John Lynch, sendo esse o primeiro da carreira do ator.

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